sábado, 31 de outubro de 2009

As Avós

Às vezes eu sonho com meus avós, mais recorrente com os avós maternos. O incrível é que eu sei que eles estão mortos e costumo dizer a eles que eles não deveriam estar ali, conosco, no meio dos vivos. Certa vez eu sonhei com eles e, dentro do sonho, perguntei à minha mãe: "Mãe, mas...eles não já morreram?" e ela responde: "Mas não conta nada pra eles!" o.O - É, eu sei. Parece nonsense. Mas é que vejo muito minha mãe, principalmente quando ela está deprê, chamando pela minha avó e sinto que isso não é bom. Às vezes sinto a presença da minha avó aqui perto (e o perfume de rosas que ela usava). E a recrimino por ela ficar nos visitando, pois ela não pertence mais a este plano. E nós temos que nos acostumar com isso.

Mas uma vez eu sonhei com minha avó paterna, ela ainda era viva e eu era muito pequena. Não foi um sonho, foi um pesadelo. Eu estava num quarto, seria o equivalente ao meu quarto, mas estava vazio, só tinha um ralo, nem janela. E minha avó estava no meio do quarto me pedindo ajuda pra chegar na porta, ela andava com dificuldade e estava usando uma bengala. Eu fui ajudar. Segurei no braço dela e neste instante ela se desmontou, literalmente, em pedacinhos. Eu saí do quarto correndo chamando minha mãe e explicando o que tinha acontecido e minha mãe, sempre muito tranquila, me deu um abraço como se dissesse "não se preocupe".

tentativa de análise: acho que essa coisa do desmontar seria algo referente à fragilidade. Eu nunca entendi porque minha avó paterna era tão velha. Quer dizer, minha avó materna era ativa, gostava de fazer comida, pegava a bengalinha dela e ia pra igreja todos os dias, arrumava a casa, andava de ônibus...e eu gostava tanto de ir pra casa dela! Enquanto minha avó paterna pouco saía de casa, era corcunda de tanto ficar sentada, só reclamava de dor nas pernas e tinha um cheiro de coisa antiga que ficou guardada muito tempo.
Ela ainda fazia chantagem emocional comigo. Dizia quer era normal a neta gostar mais da avó materna do que da paterna. Eu nunca entendi essas coisas, e acho que era por isso que ela desmontava e eu não podia fazer nada.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Estacionamento Fantasma

Postar sobre sonhos é como postar um diário íntimo, você acaba dizendo muito mais sobre si do que devia.

Alguns sonhos têm várias versões. Primeiro você sonha de um jeito, depois muda os elementos mas ainda é o mesmo sonho. A primeira versão do sonho que eu tive hoje foi com uma família, que era a minha, mas não era essa exata do mundo real. Meu filho era bem menor, meu pai era outro, minha mãe era a mesma, mas e tinha uma irmã mais nova ou uma filha mas velha que eu não conseguia(no sonho) nem lembrar o nome(e ficava com vergonha de perguntar). Nessa primeira versão, nós entrávamos num estacionamento e nos perdíamos, e as pessoas que estacionaram ali estavam quase todas mortas ou morrendo, abatidas por uma doença extremamente contagiosa. A minha filha ou irmã já estava num estágio avançado da doença(e eu morrendo de medo que ela passasse pro Lucas) e a minha mãe estava contaminada e começando a apresentar as primeiras feridas. Mas, volta e meia aparecia a Denizis e começava a falar da autocura. E a menina, então, começava a praticar, tendo resultados imediatos, mas eu achava que minha mãe não acreditava e, por isso, não ia conseguir se curar.
Na segunda versão do sonho, era eu, Clauky e Lucky entrando no estacionamento. Logo no começo, eu via uma pessoa sem cabeça parada na porta (e depois apareceu a cabeça no lugar), eu tentava chamar a atenção do Lucky e da Clauky e, quando eles olhavam pra trás e viam essa pessoa(uma mulher de vestido branco) começaram a correr. Eu, sem entender, perguntei por quê e eles me disseram que era a Loira do banheiro. "Mas como, se era morena?", ninguém sabia, só se sabia que ela estava impedindo nossa passagem, aí eu fui de encontro com ela e os dois fugiram. Quando ela me tocou eu dei-lhe uma mordida na mão e ela foi embora.
Dentro do estacionamento, todos já estavam mortos ou zumbis, mas nós conseguimos achar uma saída há 3 quadras dali. E tínhamos a impressão que queriam nos prender ali dentro, pois tinha um pessoal contrlando a entrada e saída de carro que, quando nos viu, quis fechar o portão, mas a gente se jogou e conseguiu passar a tempo.
O estranho é que, mesmo sabendo o que havia dentro do estacionamento, nós nunca sequer cogitávamos ir por outro caminho.



Análise: Eu nunca sei o que vou escrever aqui até escrever o sonho. A análise vem enquanto estou escrevendo. Me surgiu a hipótese de que a menina era eu quando mais jovem. Ao longo das minhas experiências oníricas por 24 anos, sempre tive um impasse com minha mãe; ela nunca acreditou nas coisas que eu via ou que dizia. Por exemplo, se tivesse um gnomo no meu armário, ela não acreditava. Eu nunca me pus no lugar ela mas acho que deve ser muito triste não acreditar. Minha mãe diz que não sonha ou que não lembra. Deve ser por isso que, nos meus sonhos, ela tem uma certa dificuldade em entrar na viagem. Ou talvez seja viagem minha :P
O medo a menina contaminar o Lucas, me veio como um relâmpago agora, é muito fácil, é o meu medo de que o Lucas tenha um crescimento prejudicado por falha minha ou da minha criação. É a doença inevitável. E a que precisa de auto-cura ou auto-perdão (Aí entra a Denizis representando a Biodanza).
A segunda parte do sonho remete à minha segunda família, que são meus amigos. A mensagem é a mesma, só mudam os elementos a que foi direcionada. A Loira do banheiro que, quando escrevi o sonho, me pareceu um detalhe nonsense, pode ter um significado de lenda, digo, algum estereótipo antigo, alguma coisa ancestral na minha personalidade que esteja se quebrando. Talvez o fato de termos encontrado a saída e nos arriscado para sair, foi uma dica de que a questão já está resolvida. Nós (no caso, eu, que sou a criadora do sonho), é que insistimos em passar por esse caminho. Isso me lembra Leminski: "nunca cometo o mesmo erro duas vezes, já cometo duas, três, quatro cinco seis, até esse erro aprender que só o erro tem vez." Que fica lindo no papel, mas na nossa vida, nem tanto. :) Estar num estacionamento com pessoas(coisas) mortas (ou passadas) não é muito agradável. rs


PS: Isso me lembra também a carta de Tarô "O Louco", que eu tirei duas vezes seguidas nas duas últimas semanas. A morte de um ciclo e o começo de outro. O sonho se repetiu três vezes. Uma vez com a família e duas vezes com os amigos. Faz muito sentido pensar nas milhares de pessoas mortas no sonho e saber que conseguimos achar a saída. Mas penso na menina da primeira parte. Será que também não é uma tentativa minha de resgatar minha infância? De querer ser a filha além de ser mãe?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Nonsense

Há sonhos premonitórios, sonhos interpretativos e sonhos nonsense. Muito mais do que isso, não se sabe, afinal, estamos falando de cérebro. Premonições geralmente são sinais claros de que algo específico(que não precisa ser exatamente o que você sonhou, mas algo que remeta a isso) vai acontecer. Sonhos interpretativos geralmente são os que dizem algo sobre você, sobre seu presente ou seu passado. E finalmente os sonhos nonsense devem acontecer, suponho, quando a mente está cansada. São aqueles sonhos que não carecem de interpretação. Por exemplo: Um dia eu sonhei que abria a porta do quarto e tinham várias eu(clones de mim) saindo do meu armário. Eu via minha mãe no banheiro e perguntava pra ela, assustada, porque isso acontecia e ela disse: "é porque a maçaneta está fria". -.-
Ou como uma vez minha prima sonhou que estava no shopping com as amigas e de repente rolou um pânico geral porque tinha uma bomba no shopping, foi corre-corre pra lá, corre-corre pra cá, e de repente estava ela com a mãe dela comprando biquine de crochê. -.-
Às vezes existem elementos nos sonhos que são livres de interpretação, outros, você não consegue interpretar de primeira, para isso, recomenda-se contar o sonho a um amigo bem próximo que possa te ajudar a entendê-lo.
Eu não acredito que uma pessoa de fora consiga interpretar seus sonhos, pois, às vezes, e quase sempre, algum elemento faz mais parte do seu dia-à-dia do que do consciente coletivo. Assim, se você conversou sobre cobras com seu amigo ontem, e você acabou sonhando com cobras, um interpretador de sonhos de fora vai te dizer que cobras querem dizer traição, por exemplo, e no entanto, elas só estavam no seu sonho porque você falou sobre isso no dia anterior.
Portanto, não esqueça, o melhor intérprete dos seus sonhos é você. Além de ser extremamente divertido e terapêutico interpretar sonhos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Lenda dos Ogros

Este é um sonho recente que postei no outro blog. E é algo diferente de tudo que já sonhei.
Neste sonho, estava eu e mais três pessoas, sendo uma delas um mago secular e estávamos observando um grupo de ogros pulando de árvore em árvore, fazendo um escarcéu. E o mago me contava essa lenda:




- Os ogros existiram como ogros há muito tempo atrás. Mas teve um dia em que Deus queria ouvir as vozes do lago, e os ogros, muito barulhentos, não deixavam. Então, Deus transformou todos em pedras, borboletas, e assim ficaram por muitos séculos.

Agora, Deus permitiu que eles voltassem à sua forma original, já que os homens não se importam com o barulho e o Caos. "Mas por que ninguém os vê?", perguntei. O mago respondeu: - Ora, Deus diria que muitos não enxergam além do se próprio nariz. Mas alguns podem vê-los como nós estamos vendo. Uma parte dos homens apenas sente que algo está diferente, outra parte é tão ou mais barulhenta que os ogros, por que haveriam de notá-los?
 
 
Este sonho não precisa de análise.
 
 
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E ainda ganhei um poema da Clauky Boom inspirado nesse sonho:
 
IÇA (um poemazul dedicado à Isa)




pois que venham os ogros,

saiam de suas cavernas,

borboletas barulhentas



pois estou sem velas

nem redes nem iscas



apenas comigo

poemas carrego



(clauky boom)

Ladeira...

Quando eu era pequena, tipo uns 6 anos, eu tinha um sonho recorrente que me perturbou por bastante tempo. Minha mãe tinha um Fiat 147 e eu estava com ela no carro subindo uma ladeira de paralelepípedos. Ela estacionava, passava o freio de mão e saía pra ir no supermercado em frente. Eu ficava esperando no banco de trás. Mas era só ela dar as costas para o carro começar a descer a ladeira(mesmo com o freio de mão puxado) de costas. Eu ficava desesperada, gritava, e quando chegava o final da ladeira, acabava o sonho.

Análise: Bem, esse sonho provavelmente demonstrava uma certa insegurança em fazer qualquer coisa sem minha mãe. Pelo fato de eu ser filha única, pelo medo de ser repreendida... Sempre tive uma certa dificuldade em me posicionar e estar no controle das coisas.

Resultado: O sonho era tão repetitivo que, quando começava, eu já falava em pensamento: "Ah não, esse sonho de novo, não!". Até um dia que, já cansada de ter medo, eu pulei pro banco da frente e comecei a dirigir o carro. Isso representou uma nova etapa da minha vida.