segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Maldição da Dafine

Ainda se passava na casa antiga. Eu estava na cozinha quando vi um movimento no banheiro dos fundos. A luz estava acesa mas a do quarto dos fundos não estava, resumi que era meu pai. As cachorras estranharam e latiram, foram averiguar. Não era meu pai. Era um homem de uns quarenta anos. Vestia uma camisa branca e uma jaqueta. Ladrão? Pensei que fosse. Perguntei Quem é você? Tá fazendo o que aqui? Ele respondeu que estava no banheiro. Pai! Tem alguém aqui, quem é? - gritei da cozinha. Meu pai não soube responder. O homem ficou alguns momentos parado no quarto e veio se precipitando para a cozinha. Perguntei Como você entrou? Quando ele estava bem perto, corri e peguei uma faca bem grande, justo na hora que virei e dei de cara com ele. Era sem dúvida um homem atraente. A faca estava apontada para a barriga dele, mas não foi o bastante para ele continuar vindo em minha direção. Falei para ele parar e responder quem era e o que estava fazendo ali. Mas ele não parou e eu dava pequenos passos para trás. Ele já não acreditava que eu fosse mesmo me defender. Ele veio como se quisesse me abraçar, mas eu vi que o objetivo era pegar a faca. Então enfiei a faca na barriga dele e o feri de leve. Mas mesmo assim ele não parou, então fiz um grande corte no seu pescoço e senti nojo daquele sangue preto escorrendo. Ele, por fim, cambaleou pro lado de fora do apartamento e foi cair no corredor. Foi então que eu vi outro corpo caído, de uma garota. Ele parecia que estava morto, e a garota parecia ter morrido antes. Corri pra dentro de casa e não sei porque diabos não tranquei a porta. Interfonei para o porteiro na esperança dele me dizer o que estava acontecendo e ninguém atendeu. Concluí que eles também tinham pego o porteiro. Seja lá quem fossem.
Corri para a porta e olhei pelo olho mágico. Ele estava se mexendo. Era impossível! Mas ele estava se levantando e a garota, que não estava morta, estava falando com ele. O homem veio querendo entrar no meu apartamento de novo, mas eu não deixei, forcei a porta contra ele. Nesse momento apareceu a Ju Guinho e outras pessoas atrás de mim para me ajudar. O homem e a garota empurravam a porta de um lado e eu empurrava a porta do outro. Cadê essa porcaria dessa chave pra fechar a porta? ninguém encontrava. Até que ele conseguiu entrar. A garota ficou do lado de fora. Ele veio pra cima de mim e eu esfaqueei o que encontrei pelo caminho. Ele caiu na sala e ficou no chão por alguns minutos. Nesse momento havia um trovador com roupas coloridas no meu sofá, a Ju Guinho na sala, e outras pessoas vieram do corredor para me dizer que aquela garota era a Dafine, uma lenda dizia que ela tinha sido amaldiçoada. Daí então o cara que estava no chão da minha sala, todo ensangüentado, começou a se mexer, querendo levantar. Você não morre não? Não queria fazer isso...peguei a faca e decepei a cabeça dele. A Ju virou a cara, com nojo.
Fomos para o corredor. A garota, Dafine, estava mais uma vez caída. O trovador achou um papel que falava sobre a maldição e dizia as coisas que devíamos trazer para reverter essa situação. Mas quando pegamos o papel, as palavras foram desaparecendo. Nos separamos em dois grupos para ver quem trazia mais rápido todos os itens do papel. Embora ninguém conseguisse lembrar direito. Tinha algo a ver com uma meia-calça de uma criança, um cadarço de um louco, ou era de um trovador? fósforos, palitos, coisas assim.
Quando entramos em casa, tinha uma menina loirinha sentada no chão da sala. Parecia um anjo. Desconfiei, mas perguntei como ela tinha entrado, ela disse que não sabia, que estava perdida. Ela usava meia-calça. Pedi para que tirasse enquanto íamos procurar as outras coisas. Peguei uma caixa de palitos de fósforo. Como eu não sabia se era um cadarço de um louco ou de um trovador, peguei um cadarço do trovador e um cadarço meu. Não sabia o que os outros já tinham pego.
O trovador então me olhou e disse que ele estava ali por uma razão e falou que eu só iria realizar coisas boas até uma data, que então eu ficaria louca e não realizaria mais nada, que eu prestasse bastante atenção a essa data. (O engraçado é que quando ele disse isso eu já não lembrava mais tão claramente da data, mas acho que ele disse 2 de Abril de 2010, o que, claramente, já passou, mas não tinha passado no sonho, faltava só alguns dias, tipo, duas semanas.) E que eu aproveitasse bastante o tempo que eu tinha. E depois ele desapareceu no ar.
Pegamos a meia-calça e a menina também desapareceu. Quando saímos, havia uma mesa no corredor, e tinha uma bruxa, a Márcia Frazão, ela estava estudando aquele papel que o trovador havia pegado sobre a maldição. Mas ele estava em branco. Então eu entendi. Ele estava em branco porque ainda não tinha sido escrito. Disse pra ela escrever, falei mais ou menos o que me lembrava. Ela escreveu. E então ela pegou uma vela e deixou a cera quente cair na unha e pelos dedos, foi quando começou a se abrir uma espécie de portal. Eu fiquei maravilhada e aquele portal englobou toda a ala do corredor onde nós estávamos. E do outro lado do corredor se abriu uma grande porta para algo parecido com o inferno, um lugar que se chamava Fantasia. A garota Dafine estava no corredor, entre o portal e o inferno. E foi quando eu mexi o braço e a Dafine também se mexeu, movi o braço para a direita e ela se moveu também, era como se eu pudesse controlá-la. A Márcia Frazão perguntou É você quem está fazendo isso?? Então todos deram as mãos e eu levitei a Dafine no ar, foi só então que eu percebi como ela era feia, com aqueles olhos esbugalhados e o cabelo sujo, típica figura de filme de terror japonês. Então ela veio na minha direção e eu segurei seus braços e as unhas dela quase me feriam de tão grandes. Estávamos na roda e tínhamos que segurá-la enquanto aquelas criaturas horríveis de Fantasia tentavam puxá-la pra lá. Se eles conseguissem levá-la, então tudo estaria perdido, uma vez que ninguém voltava de lá.
Nós a seguramos por muito tempo, e o máximo que pudemos, e éramos umas doze pessoas, mas Fantasia puxava cada vez mais forte e eles eram centenas. Até que eles conseguiram levá-la de vez. Nosso trabalho em nada resultou.
Mas três dessas pessoas além de mim, resolveram ir a Fantasia resgatar a menina, mesmo sabendo que ninguém nunca voltou de lá. A Márcia Frazão disse que ficaria estudando um jeito de nos trazer de volta, e fomos. Mas quando entramos em Fantasia, o que era deserto, foi se transformando em um ambiente agradável. Não encontramos mais a Dafine, de repente Fantasia não era nada daquilo que pensamos, ou talvez era o que Ela queria que nós pensássemos.

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Tentativa de interpretação: (Não mesmo!)
Não vou me alongar muito, nem entrar em questões muito profundas. O que me perturbou nesse sonho foi a parte do trovador me dizendo para prestar atenção na data, sendo que a data, no mundo real, já tinha passado. Não vou me recordar se este dia foi significativo, acredito não ter acontecido nada de mais nem de menos. Será que eu fui pra Fantasia e não voltei mais? Será que ainda vou?